Amo volucres, Lydia, sic breves

Amo volucres, Lydia, sic breves
rosas eas quae hoc simul in die  
        quo terra de hortis Adonis
        progenuit, proxime necantur.  

nascentibus lux permanet semper haec  
rosis ubi iam sol natus et ortus est
        et antequam cursus Apollo
        visibiles radians relinquit   

mox finiunt hic. Vita dies ita
nobis sit unus sponteque, Lydia, 
        nil nesciamus post et ante
        futtile tempus in quo moremur.   

Ricardo Reis, 

Ode I.2 

Adaptação ao latim de Pedro Braga Falcão (em estrofe alcaica)


As rosas amo dos jardins de Adónis

As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
        Que em o dia em que nascem,
        Em esse dia morrem.


A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o Sol, e acabam
        Antes que Apolo deixe
        O seu curso visível.


Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
        Que há noite antes e após
        O pouco que duramos.


11-7-1914

Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994), p. 34.


1ª publ. in Atena , nº 1. Lisboa: Out. 1924.