Mário Palma Jordão
Idos Tempos de uma Puta
Novela

Enfermaria 6, Lisboa, abril de 2014, 88 pp.
Capa de João Alves Ferreira
Primeiro capítulo disponível aqui.

9,5€


Esgotado

Uma jarra com flores. Pensei em ti durante todo o dia. Um arranjo floral delicado e feminino. Ela não se costumava a aventurar pelo escritório. Aquele era o espaço dele. Limitava-se a arranjar as flores numa ou noutra jarra que mudava daqui para ali. Ele nunca sabia os nomes das flores. Não ligava a isso. Ou ficava bonito ou ficava piroso, pronto. Era com o seu irmão, quando se encontravam ao fim-de-semana, que ela se entretinha a falar de flores e desenhinhos e manicura. Também ela nada sabia, nada ligava às coisas de que ele mais gostava. Ele não sabia distinguir um lírio de uma hortênsia; ela, por seu turno, não sabia distinguir Mozart de Chopin. O fosso entre ambos era imenso e parecia estar em expansão acelerada. Dantes, no meio, estava o amor. E agora? era a pergunta que fazia a si próprio, olhando desfocadamente o futuro.