Explicar a Capivara ao Meu Professor de Espanhol

tradução de Hugo Pinto Santos

A distância entre a minha mão
e o chão enche-se com a capivara;
depois aparecem os dentes,
afiados e brilhantes como duas constatações de facto
– tudo aquilo de que ela se vai lembrar –
sobre um animal cujos plácidos olhos negros
e lento passo na pastagem ficam por dizer
nos canaviais varridos de nuvens lembro-me.

Mark Leech, Orbis n.º 132 – Primavera 2005

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Os Caçadores de Aves dos Pântanos

Tradução de Hugo Pinto Santos

Há três mil anos,
caçavam aves nos pântanos
em torno de Tebas – homens com saios enredados
e colares de faiança dispostos em camadas,
que evitavam o crocodilo castanho,
e adoravam a íbis, que perseguiam
com longos gatos riscados presos por um fio,
sob o olhar de Nut, deusa do céu.

O estranho mundo sussurado da minha mãe é assim:
ela assombra-o como os caçadores de aves dos pântanos,
vai alegremente pé ante pé pela história, sustida por deuses
que me são tão estranhos como a Senhora Nut ou Anúbis,
o oracular, mascarado de chacal.
Quando a vou buscar à estação, digo
Olá, mãe! e penso Olá, Thot,
Esta é a Pesagem do Coração.

Selima Hill, Trembling Hearts in the Bodies of Dogs: New and Selected Poems, Bloodaxe Books, 1994

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