Ah, o campo

I.

 

Não sinto a menor falta do campo. Com morar lá tantos e tantos anos (uma eternidade aproximada), acabei por me render a toda espécie de dualismo fácil. Envergonha-me dizer que houve para mim, em algum momento, o campo – e para lá da rodovia, uma cidade, o seu plural, acidentes (as estradas que nos cintavam). Rapidamente se impôs a necessidade de rarefazer um pouco as coisas, sutilizá-las – afinal, era uma vida que não se colocava, dava-se ao fim e ao cabo em qualquer canto. Suavizada a luz a que me apareciam de costume estas questões, pude finalmente concluir que toda terra é estrangeira para alguém. Reconheço, não é difícil atinar com este raciocínio; há mesmo nele certo ranço a lugar-comum; torná-lo uma segunda natureza – não precisar remontá-lo a cada vez, por exemplo, que pego numa câmera – isto sim me custou um bocado. 

II. 

Não sei se entendi a sua pergunta. Você quer dizer estes retratos? Não, não sei de quem são, são meus irmãos, foram passar o ano-bom no sítio de um amigo. Sim, parecem muito felizes.