De «Cenas de uma vida conjugal»

Aos ouvidos a reza, a partilha deste
momento com mãos atadas sobre a barriga.
A tua reflexão nocturna, decorando
aqueles que querem morrer neste dia.

Não são mais do que holofotes queimados os
vultos de nenhures que te fazem companhia.
Há dias com gosto, levadas de prazer
que se desfazem sobre o nó do corpo.

Desatento passeio pelos teus ombros,
medito nos claros limites do riso,
não acalmo a besta que agora
me cruza as mãos em despedida.

Tu, eles, nós: pronomes do acaso,
apodrecem com malícia no quintal.
O cesto vazio da minha vida para
onde te trago: já disseste tudo,
o nosso contrato quebrado.