Quatro poemas de Ismar Tirelli Neto

Postal do Olimpo

A ausência acorda  
Luminosa, seguida  
Ausência remira
Esferas cinza  
Um penedo branco
Batido por baixas
Claras como o dia
Horto de orelhões
Desativados
Santinhos de campanha
Eleitoral  
Vasta equimose
Com algo de mar  

Comediante 

Ao sítio que me faziam
A mim contrapus
Um outro sítio ou  

então

Calcei o cerco
(Fui magnífico) 
Subi risonha muralha

em torno

Da cidade
Que me cercava
A mim provi  
Perímetro

Grande e gargalhada
Tranca

Postal para KM

Lembro sempre de você nos melodramas
fora do ventre que vaga largo  
pátio do mundo, e chove
e fecunda a testa
também ela uma manta de colo
lembro sempre de você nos melodramas
nada menos vago  
que rilhadas cabareteras
cabaretando
pelo iniludível de lágrimas, rendas, sósias
vertidas sobre almofadões  
o canapé vermelho
a que me conduz a bofetada
a bofetada pergunta
como se formaram os lagos de rímel? 

enlanguescer até bem longe
enlanguescer até a América  

Este some pelos próprios gestos
mão espalmada & mão esplanada  
entre dia e noite esfarinhado  

Acena e seca
andando de nenhum

Desgalhados de forte ventania
rondante como

Eu, bolsos abarrotados de eólitos  
monólogo fundido na chuva