sobre as pontas; basta o mormaço para secar; entre tantas corridas de fôlego

sobre as pontas

como argila em minhas mãos
meu corpo modula num esforço tétrico
alumínio sílica e água
digerindo-se por curvaturas
minerais
como em minhas mãos
como minhas mãos
já são dez dedos
inócuos
por impulso tátil
mastigo vestígio digital
como mãos


basta o mormaço para secar

foi logo ontem que meu pé esfarelou
todos os vinte e seis ossos e os vinte músculos individuais
a queratina já é resto de cultura agrícola
revolve num limite dos outros elementos
descompactando para maior infiltração
ela é migalha
ou paisagem areada


entre tantas corridas de fôlego

 sua vida sobre quatro apoios estáticos
em cima dela um copo de água dois ou cinco
tudo em volta grão
pilhas de canetas monte de caderno em branco
seus livros por ler e duas vidas por gestar
muito ar e ela sem
sua letra transformada em times new roman
espaçamento 1,5 mínimo de 100 laudas
há uma atualização pendente e ela sem
seu itinerário em rodas giratórias
banhas unhas pulmões miolos
seus pedaços abafados sobre grãos
compondo eles próprios a massa
de onde imerge o tubo que faz da sua traqueia
traqueia