1- Cara esgotada numa berma

Cara esgotada numa berma
como uma apostasia              branda
hino mundano pelos séculos
espesso como a massa oceânica de cabelos amados
correria incendiada de vértebras dançantes       pulverizadas
dadas de beber aos sôfregos     profanados
encontrados perdidos na grande sala dos écrans de plasma
com     descrições pormenorizadas    de        educação sentimental
e demais devassidões do espírito
lembrando-nos a lama derretendo nas paredes das grutas
dando odores às pinturas      escáfia à circunspecta saudação dos veraneantes
- partindo rumo a casa como se sem rumo
tivessem desvendado o segredo da lotaria -
e o deus menino crucificado no peito farto do lar  
com sua loiça esquálida              têmpera contributiva
foi coroado no museu da celebração pós-revolucionária
digo
o cortejo fúnebre mais aguardado da ilha

e se outrora rogámos ao vício excremental das estradas
aos seus varões avessos ao trabalho
de púbis dourada de abelhas narcotizadas
se outrora tivemos na veia todas as maldições do império
esbatendo-se tempestivas sobre as janelas da casa
incisões perniciosas   nativas    nossas    sobre a apresentação do rosto
resta-nos agora            sanctum sanctum         gloria in excelsis
a aparição da carne nas estrias da noite
como o grito de um deus moribundo
à procura do seu olho perdido.