história cheia de verdade

conheci um francês era engenheiro
trabalhava no cern trabalhava ali há anos
trabalhava das oito às cinco e às
sextas saía mais cedo
punha o casaco no cabide e fazia por
beber o café no escritório e correr com
os assuntos no hall do departamento
o departamento era o do vazio
le département du vide
pagavam bem registavam ao meio
da manhã os dados e esperavam o meio
de medir amanhã os dados do meio
não sei se lá pelo meio estava o buraco
não se falava nisso à hora do copo
nem se era negro ou se era massa era tabu
um dia ele cansou-se
sentiu as bordas da espera
inesperadamente nos colarinhos
levou as mãos ao ar
explodiu com tinta preta por todo o lado
foi uma bic que rebentou
e a energia acumulada iluminou
finalmente o que sempre tinha sido o
destino estrelar dos seus mistérios contidos
não disse nem uma palavra
nada havia a criar e sete dias passaram
inscreveu-se num mestrado de gestão
abriu uma empresa
e dedicou-se a fazer relógios
não preciso de explicar o que fazem os relógios
mas em sua defesa posso dizer
fazia-os com arte
e em madeira