Flor Carnívora

Nada de um campo de girassóis
Que esgrimem por uma
Porção de luz, outro tanto de água,
Dois ou três sopros de vento quando
Não desarmam as armas do estio

é uma arte exemplarmente mamífera,
esta ronda ritual canibalística exercida por tímidos

mas quando a faca crava, a bala criva,
uma palavra a outra se sobrepuja, silencia,
com a sua rutilante destruição maciça, quando
um poema se lê, quando assoma expressivo
um rosto de homem ou de mulher, para
outro se entenebrecer ou diluir numa cor indistinta
de tarde a cair

embora sem dúvida ou hesitar,
aquele que mata a esse irmão confessará:
por favor, não me relaciones com um passional
assassino,
como-te vivo por meu amor ser tanto
-corpo do meu corpo, sangue do meu sangue,
pão, vinho de mim-
que dos pés à cabeça te absolutiza