Carmina Suburbana

Precisa-se de um nevermore, more than ever,
Mas nenhum perigo de pássaro ominoso
Se engancha no umbral da garganta,
nenhuma mão se espeta num prego,

As rugas da espera são de expressão apática-
Sem drama nem tragédia, porque nada,

Nada acontece, nada impõe a vida panicável
da sua presença, com os sentidos retesos,
puxados até mais não num alarido de alarmes
em parque de estacionamento

Nada, absolutamente, as coisas sucedem-se
numa célere redundância de carrossel,
de cores baças, confundíveis, indistintas,  
sem gritaria, gozo nem vertigem
de feira, cíclicas,

Sempre as mesmas no relógio não rodando
tédio nem desespero, não parado no seu loop
mecânico de ponteiros sem som
ou mutismo impessoal de smartphone,

Com a lei do espírito do tempo sombreando,
Os homens-sujo-mostruário, sem nenhuma
Assombração, monstro, ameaça, apocalipse,
Castigo, némesis,

Vigiando esta escrita de severidade franzida
de sobrolho matemático, esta área sem ária,
leve ausência de metáfora, sinédoque, tropo, milagre,
qualquer coisa

Uma coisa que seja que em causa ponha,
subvertendo com a santidade musical do seu caos,
a ordem genérica das não-espantosas coisas 

Demasiado reais, içando-as içando-as em ombros
operaticamente oh fortuna oh fortuna
corais acima da sua própria condição