1. (1/3 poemas de Ana C. Joaquim)

1.

quando se tem um amante é um inferno.
ele está todo o tempo lá.
ele aparece.
ele desaparece.
ele vai.
ele volta.
ele quer ver a sua amante de vestido vermelho.
ele pensa na sua amante.
ele escreve para a sua amante.
ele envia uma pequena biblioteca diabólica para a sua amante.
ele quer que a sua amante lhe diga uma palavra de amor.
ele quer fazer amor com a sua amante.
ele quer morder o pescoço da sua amante como se fosse um vampiro.
ele quer ver a sua amante sorrir.
ele quer escutar a sua amante.
ele vai dormir esperando que a sua amante pense nele.
ele vai dormir esperando as palavras da sua amante pela manhã
(quando ele desperta).
ele escreve sobre diabos que se vestem de branco.
ele promove uma tempestade no meio das pernas da sua amante.
(pode ser que a qualquer momento ele morda o pescoço da sua amante).
ele diz para a sua amante
que para o diabo o pior dos infernos é o melhor dos infernos.
ele diz que o melhor dos infernos é aquele de onde não se volta.
ele diz para sua amante que não tem medo do irreversível.
ele quer que a sua amante não tenha medo do irreversível.
a sua amante não tem medo do irreversível.


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