Florzinhas de Estufa
/São tudo saudades, portugal, ou memória curta,
Esse ódio carunchoso a tudo o que é outro,
Mais frágil quando na verdade igual, porque há estrangeiros
E estrangeiros, a uns beija-se o cu de bom grado,
Com olho no que brilha, tentam espremer-se ao máximo
Os barracos e as ruínas, o very typical, o provincianismo
Urbano como autenticidade, sempre orgulhosos
Do grandioso passado de descobridores do descoberto,
Sem nos dignarmos a esconder os nomes das ruas
Da vergonha, esclavagistas que detestamos quem
Nos alimenta a preguiça e a boa vida,
Adoradores de chico-espertismo e chauvinismo,
Racistas por ódio ao próprio sangue, machistas por sensibilidade
E tradição, não há maior florzinha de estufa que um fascista,
Tudo o incomoda, o pior é a paz dos outros, a felicidade então,
Deixa-o cego de raiva, só o eu está certo, cego, virado para dentro,
Se pudesse enrababa-se a ele mesmo e tinha pequenos
Clones fascistas, o outro é tudo o que está mal na sua vidinha,
Para quem só vê o próprio umbigo, esquece-se de olhar o espelho
E ver que o problema, na verdade, está nele, fechado
Na saudadezinha com cheiro a mofo, criando a realidade
Mentira a mentira, esfolando um pobre bode de cada vez,
Até que, sem se dar conta, no fim, só sobra ele e a faca na mão
Do adorado líder, o tal que dizia as verdades ou o que se queria ouvir,
Até ser a hora de se tornar, inevitavelmente, também ele no outro,
E afinal, a falange que julgava ser, apenas mais carne para canhão.
11.06.2025
Turku