Paisagens em estado de possibilidade sem limites: "Behind the Horizon" de Alexandra Roussopoulos

Behind the Horizon
Alexandra Roussopoulos
Galeria Nitra
Atenas
26 de Setembro a 24 de Novembro

1.

Este é um breve texto sobre alguns quadros de Alexandra Roussopoulos, vistos numa pequena galeria num dos bairros centrais de Atenas. Às vezes, parece-me que darmos por nós na presença de certas imagens convida um certo tipo de atenção silenciosa, que deixa que uma sucessão de coisas que estão enterradas dentro de nós venham à superfície, se tornem de repente objectivas ou objecto de (re)descoberta. Este ciclo de quadros revela o lado ao mesmo tempo familiar e estranho de algumas paisagens e dos seus horizontes. Podiam ser as nossas paisagens, daí apontarem acidentalmente para os nossos elos com certos lugares. A objecção que se pode levantar a esta ideia, claro, é a de que estou aqui a propor uma empatia egoísta em relação a certos objectos de arte. Que talvez haja nisto um certo romantismo imaturo. Talvez, um pouco. E então?

2.

Em Março de 2020, Alexandra Roussopoulos, uma pintora suíça e francesa de origem grega, radicada em Paris, viajou para Atenas para preparar uma exposição que deveria ter tido lugar nesse mês, mas que só veio a acontecer, na forma em que agora se vê, no final de Setembro. Alexandra Roussopoulos viu-se confinada ao seu estúdio em Atenas, sem poder viajar de regresso a Paris e sem saber quando esta exposição que agora se pode ver na Galeria Nitra, em Atenas, ia acontecer. Nas semanas seguintes a pintora lançou-se ao trabalho de compor os quadros que hoje formam o conjunto da exposição Behind the Horizon. Alexandra explica ao diário grego Kathimerini que teve de alterar a sua técnica de pintar à medida que as semanas foram passando, por receio de que os materiais que tinha encomendado se esgotassem. Há nas imagens uma qualidade de erosão, que sugere o lado fugaz e efémero de paisagens vistas a partir de dentro, desconstruídas e de novo montadas a partir da memória.

3.

Os quadros de Behind the Horizon ocupavam quatro paredes na galeria Nitra. Lá fora, no final da tarde de sábado, atenienses bem-vestidos circulavam pelas ruas interiores de Kolonaki. Homens em jeans e sapatos caros cortando pelas estradas nas suas vespas e pequenos grupos de estudantes com encontros marcados em esplanadas em redor de pequenos jardins urbanos. Por um momento, entre amigos nestas ruas interiores, esqueço-me deste ano, da impressão que carrego, de há meses, que a terra está doente. A irmã da amiga que me trouxe para ver esta exposição está a estudar para se tornar pintora, o que na Grécia, antes de se entrar na faculdade, não corresponde a qualquer educação formal. Um aspirante a aluno de Belas Artes estuda aqui e ali com quem puder, até fazer o exame de admissão à universidade. Há poucas vagas e é muito difícil de entrar. A irmã da minha amiga vai vendo exposições aqui e ali, tirando notas, falando com outros pintores, numa espécie de educação amadora que na verdade traduz a impossibilidade de ensinar alguém a ser essa coisa, um pintor. Explico à irmã da minha amiga que me agradam as pequenas galerias. Concordamos que são espaços que estendem uma espécie de convite. Há uma liberdade muita grande em entrar e sair de pequenas galerias, sem ter de pagar entrada, sem explicar ao que vimos, em certo sentido a antítese de museus. No trabalho novo há um lado experimental que é também o de ver algo pela primeira vez, sem saber o que esperar. Há nisso outra forma de liberdade: do peso da tradição, dos nossos próprios preconceitos e expectativas.

4.

Não contei ao certo quantos quadros Alexandra Rossopoulos pintou no seu confinamento ateniense. Creio que talvez entre oito e dez. Os quadros sugerem que o que fica atrás do horizonte, o título que enquadra a exposição, são sedimentos e sedimentos de paisagens que se foram tornando na memória da pintora: fragmentos que foram sendo justapostos até se tornarem às vezes estruturas que nos fazem pensar em fino gelo e no lado tridimensional e esquemático das paisagens, ou que, noutros quadros apontam para a representação da suavidade de cores de certos entardeceres em dias longos de verão.

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Nenhuma das paisagens é urbana, embora uma ou outra sugira essa possibilidade nos volumes que se avistam no horizonte. Há qualquer coisa de difusamente reminiscente de Turner, mas também de Hokusai. Há horizontes em certos quadros que parecem pertencer a um passado profundo, superfícies de infância vistas por um olhar adulto (isto parece-me sobretudo verdade acerca de uma paisagem de montanha e floresta onde se veem escuras árvores), o que, por outro lado, nos faz pensar na distância a que a memória segura certas passagens – com um certo anoitecer que é o tom em que a lembrança persiste face ao esquecimento, apoiando-se em alguns pontos salientes.

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Outros horizontes são claros e abertos e o movimento do olhar do plano da terra para o horizonte faz-nos pensar no que está para lá dessa distância enquanto meta, enquanto futuro: paisagens em estado de possibilidade sem limites. Porque não são paisagens humanas, as destes quadros, a sua presença em frente do nosso olhar parece não pedir nada de nós, mas antes sugerir a possibilidade de que nos podemos perder numa vasta paisagem que, no entanto, mesmo com os seus pormenores dissonantes, parece sempre acolhedora, possível de navegar. Há no exercício de olhar os quadros de Behind the Horizon algo de profundamente libertador, fora do tempo e fora das circunferências que, para lá dos confinamentos, habitamos. O conjunto de Behind the Horizon recorda-nos que o tempo da terra é outro tempo: silencioso, vasto, misterioso, em certo sentido fora da história, que é preciso respirar com essa história paralela do planeta, que coexiste com a nossa. Pontos de referência, coordenadas parecem refazer-se de quadro para quadro, reorganizar-se constantemente na sugestão da possibilidade de movimentos com que estas paisagens poderiam ser cruzadas. Mas, abarcando amplos espaços, mesmo nas mais pequenas telas, é o próprio movimento das paisagens que gera essa impressão: o que nestes quadros se move acompanha o nosso movimento interior em direcção à memória das paisagens que carregamos connosco. Há aqui qualquer coisa de uma paixão silenciosa, paradoxalmente premeditada, mas constante e resoluta.

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5.

Os meus três quadros preferidos são quase miniaturas. Três fragmentos de paisagens marítimas em três entardeceres diferentes, o último é um fragmento da rebentação. Talvez a mesma paisagem vista de diferentes ângulos, a diferentes horas. Não podendo dizer ao certo se se trata de perspectivas diferentes sobre a mesma paisagem, ou três paisagens diversas, sugere-se ao mesmo tempo o que disso no princípio: a familiaridade das paisagens e a sua estranheza. Os diferentes tons apontam para o modo como o transcorrer das horas sobre um determinado horizonte pode traduzir um sem número de emoções. Vastas paisagens, mesmo se apenas representadas em fragmentos, pintadas durante um período em que confinamento se tornou a obsessiva palavra chave de todos os vocabulários, sem nenhuma narrativa fixa, lembrando-nos que a amplitude do horizonte é como sair para fora, como regressar à possibilidade de encontro constante com algo em estado de recomeço.

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Nota: Gostaria de agradecer a Alexandra Roussopoulos a disponibilização das fotografias dos quadros que podem ser vistos nesta nota.

três poemas de Michel Houellebecq no supermercado

tradução de Inês Morão Dias a partir de, respectivamente, La poursuite du bonheur (1997), Le sens du combat (1996) e Renaissance (1999), reunidos no volume Poésie, Michel Houellebecq, Éditions J’AI LU (2010)

hipermercado - novembro

Para começar, tropecei num congelador.
Pus-me a chorar e tive um bocado de medo.
Alguém resmungou que eu estava a estragar o ambiente;
Para parecer normal, retomei o meu passo.

Suburbanos minados e de olhar brutal
Cruzavam-se lentamente ao pé das águas minerais.
Um rumor de circo e de semi-deboche
Subia das prateleiras. O meu passo ia torto.

Estatelei-me na secção dos queijos;
Havia duas velhinhas que levavam sardinhas.
A primeira vira-se e diz à vizinha:
“Que triste, um rapaz desta idade.”

E depois vi uns pés circunspectos e muito grandes;
Havia um vendedor que tomava medidas.
Muitos pareciam surpresos pelos meus sapatos novos;
Pela última vez, eu estava um bocado à margem.

(sem título)

Os insectos correm entre as pedras,
Prisioneiros das suas metamorfoses
Nós também somos prisioneiros
E em algumas noites a vida
Reduz-se a um desfile de coisas
Cuja presença inteira
Define o quadro das nossas falências
Fixa-lhes um limite, uma evolução e um sentido;

Como esse lava-louça que conheceu o teu primeiro casamento
E a tua separação,
Como esse urso de peluche que conheceu as tuas crises de raiva
E as tuas abdicações.

Os animais socializados definem-se por um certo número
de relações
Entre as quais os seus desejos nascem, desenvolvem-se,
tornam-se por vezes muito fortes
E morrem.

Eles morrem por vezes de repente,
Certas noites
Havia certos hábitos que constituíam a vida e
eis que já não há mais nada
O céu que parecia suportável torna-se de repente
extremamente negro
A dor que parecia aceitável torna-se de repente
lancinante
Já não há senão objectos, objectos no meio dos quais
estamos nós próprios imobilizados na espera,
Coisa entre as coisas,
Coisa mais frágil que as coisas
Pobrezinha coisa
Que ainda espera o amor
O amor, ou a metamorfose.

transposição, controle

A sociedade é aquilo que estabelece as diferenças
E os procedimentos de controle
No supermercado faço acto de presença,
Faço muito bem o meu papel.

Acuso as minhas diferenças,
Delimito as minhas exigências
E abro o maxilar,
Os meu dentes estão um bocado escuros.

O preço das coisas e dos seres define-se por um consenso transparente
Onde intervêm os dentes,
A pele e os órgãos,
A beleza que se esbate.

Certos produtos glicerinados
Podem constituir um factor de sobrestimação parcial;
Dizemos: “Você é bela”;
O terreno está minado.

O valor dos seres e das coisas é normalmente de uma precisão extrema
E quando dizemos: “Amo-te”
Estabelecemos uma crítica,
Uma aproximação quântica,
Escrevemos um poema.

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Um mito de devoção - um poema de Louise Glück

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de Averno, 2006

Tradução de Tatiana Faia


Quando Hades decidiu que amava esta rapariga
construiu-lhe uma cópia da terra,
tudo o mesmo, até o prado,
mas com uma cama acrescentada. 

Tudo o mesmo, incluindo a luz do sol,
porque seria difícil para uma jovem rapariga
passar tão depressa da luz clara para a total escuridão. 

Gradualmente, pensou ele, introduzirei a noite,
primeiro como sombras das folhas ondulantes.
Depois lua, depois estrelas. Depois sem lua, sem estrelas.
Que Perséfone se habitue devagar.
No fim, pensou ele, vai parecer-lhe reconfortante. 

Uma réplica da terra
exceptuando que aqui há amor.
Não é amor o que toda a gente quer? 

Esperou muitos anos,
construindo um mundo, observando
Perséfone no prado.
Perséfone, com sentidos de cheiro e gosto.
Se tens um apetite, pensou ele,
tens todos. 

Sentir na noite o corpo amado
não é o que toda a gente quer, bússola, estrela polar,
escutar a quieta respiração que diz
Estou viva, que também quer dizer
estás vivo, porque me escutas,
estás aqui comigo. Depois um volta-se,
o outro volta-se. 

Isso foi o que ele sentiu, o senhor das trevas,
ao olhar o mundo que tinha
construído para Perséfone. Nunca lhe passou pela cabeça
que não haveria aqui nada para cheirar,
certamente nada para comer. 

Culpa? Terror? O medo do amor?
Estas coisas ele não as podia imaginar;
Amante nenhum as imagina. 

Ele sonha, pergunta-se que nome dar a este sítio.
Primeiro pensa: O Novo Inferno. Depois: O Jardim.
No fim, decide-se por
A Adolescência de Perséfone

Uma luz suave a ascender sobre a superfície do prado,
detrás da cama. Toma-a nos braços.
Quer dizer-lhe Amo-te, nada te pode magoar 

mas pensa
isto é mentira, por isso no fim diz
estás morta, nada te pode magoar
o que a ele lhe parece
um começo mais promissor, mais verdadeiro.



Louise Glück é uma poeta norte-america, nascida em 1943. Venceu hoje o Prémio Nobel da Literatura. Uma selecção de poemas seus saiu na revista Averno (12. 2009) em tradução de Rui Pires Cabral. Não nos ocorre outra publicação onde tenhamos visto a poeta editada em Portugal.

A Crise

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demais

muito pouco

insuficiente

 

gordo demais

magro demais

ou ninguém

 

riso ou

lágrimas

ou imaculada

negligência.

 

os que odeiam

os que amam

 

exércitos correndo pelas ruas de sangue

empunhando garrafas de vinho

esfaqueando e fodendo virgens

 

ou um velho num quarto barato

com uma fotografia da Marilyn Monroe

 

muitos velhos em quartos baratos sem

qualquer fotografia

 

várias velhas esfregando rosários

quando preferiam estar a esfregar caralhos

 

há uma solidão neste mundo tão grande

que a podes ver nos movimentos lentos do

ponteiro do relógio

 

há uma solidão neste mundo tão grande

que a podes ver piscar nos sinais néon

em Vegas, em Baltimore, em Munique

 

há pessoas tão cansadas

tão esmagadas

tão mutiladas pelo amor ou falta

dele

que comprar uma lata de atum em promoção

num supermercado

é o seu momento mais sublime

a sua maior victória

 

não precisamos de novos governos

novas revoluções

não precisamos de novos homens

novas mulheres

não precisamos de novas formas

troca de esposas

camas de água

cocaína

colombiana de qualidade

canalizações

vibradores

preservativos estriados

relógios com data

 

as pessoas não são boas umas para as outras

directamente.

raios para o Marx

o pecado não é a totalidade de certos sistemas.

raios para a cristandade

o pecado não é o assassínio de um Deus.

 

simplesmente as pessoas não são boas umas para as outras.

 

temos medo

achamos que o ódio é força

achamos que Nova Iorque é a maior cidade

da América.

 

o que precisamos é de menos brilho

o que precisamos é de menos instrução

 

o que precisamos é de menos poetas

o que precisamos é de menos Bukowskies

o que precisamos é de menos Billy Grahams

 

o que precisamos é de mais

cerveja

datilógrafos

mais tentilhões

mais putas de olhos verdes que não te quebrem o coração

como uma vitamina

 

não pensamos no terror de uma pessoa

sofrendo num lugar

 

sozinhos

intocados

ignorados

regando uma planta

sem um telefone que jamais

tocará

porque não existe.

 

mais os que odeiam que os que amam.

 

fatias de desgraça como tafetá

 

as pessoas não são boas umas para as outras

as pessoas não são boas umas para as outras

as pessoas não são boas umas para as outras

 

e as contas balançam e as nuvens ocultam

e os cães mijam sobre as rosas

e os assassinos decapitam as crianças como quem dá uma dentada

num cone de gelado

e o oceano vai e vem

vai e vem

sob a direção de uma lua insensível

 

e as pessoas não são boas umas para as outras.

 

Charles Bukowski, Second Coming. Vol. 5 No. 1 - 1977

Tradução: João Bosco da Silva

Ministro da Educação, o pequeno deus vingador

Hoje vou escrever sobre o actual Ministro da Educação da República Portuguesa. Parece forçado expor um Ministro, ainda que da Educação (mas não muito), na Enfermaria 6. Habituamo-nos a outras personagens, mais vertiginosas e inspiradoras, mas enfim, para o bem e para o mal, ele comanda o sistema ministerial (mamuteano, sem qualquer desprimor pelo magnífico animal que desapareceu da vida, pesado, burocrático e confuso) responsável por formar a futura legião de leitores. E é de leitores que mais precisamos.

Acontece que numa entrevista à Revista Visão o senhor Ministro, além de propagandear velhos chavões, como o direito dos alunos à brincadeira (algo que já entrou alegremente na própria sala de aula), ou os previsíveis 100 000 computadores para alunos e professores “ainda durante o primeiro período” (esperar para ver), disse que uma Diretora de Agrupamento de Escolas tinha sido negligente na contratação de professores. Sem entrar nos pormenores da acusação (ao nível do estilo de quem nunca “quer perder uma discussão”, como referia um companheiro do Ministro acerca do seu desempenho nas noitadas dialécticas de Coimbra), quem está mais ou menos ligado à educação não superior em Portugal sabe que em certas zonas do país, sobretudo Lisboa, não há candidatos suficientes para as vagas.

Numa metáfora que deve ter recuperado dos seus combates semióticos, o Ministro lá reconheceu que em relação à contratação de professores a “mão e a luva não encaixavam perfeitamente”, mas, em bom jogador dialético, só o fez depois de pôr na Diretora a marca, creio que indelével, de “negligente”. E pronto, temos, com certeza, um Ministro contente por ter vencido mais um combate hermenêutico, ainda que não tenha acontecido porque interpretou melhor a realidade, mas porque esmagou um adversário que ele próprio, dentro do ilogismo político, criou.

O que acabo de dizer serve, adequando-me agora ao nosso contexto mais literário, outro propósito: testar o carácter trágico do Ministro Tiago Brandão Rodrigues. Sabemos que Édipo queria saber tudo a todo o custo, para com isso dominar os outros e o mundo, como dominava Tebas (um déspota esclarecido, no fundo). Mas claro, o mundo também era dos deuses, e eles tencionavam manter o seu predomínio epistemológico e dramatúrgico. Daí que a insolência humana, na verdade bastante manipulada por eles (foliões, ao contrário dos cristãos), fosse castigada sem restrições de crueldade. Ora, Tiago Brandão da Luz não quer saber tudo (estamos na era da pós-verdade), mas quer mostrar que sabe tudo, podendo assim, nos mecanismos que tecem a arena política e ditam a sobrevivência dos protagonistas, sacudir qualquer responsabilidade pessoal, atirando-a, de forma dispersa para não ter uma reação de grupo, contra atores hierarquicamente secundários (mas vitais) com pouca capacidade e tempo de reação.

E pronto, num mero exercício comparativista, Tiago Brandão Rodrigues é mais um pequeno deus quezilento e autocrático de que um Édipo, ainda que de aldeia. Sacríficou, sem pudor, a Diretora por uma ineficiência que é sobretudo da sua responsabilidade. É que, caramba, ele é Ministro da Educação há mais de uma legislatura e nada fez para resolver o problema, estrutural, da falta de professores. Esta inação, aliás, vai agravar muito a presente situação (radicalizar o “[des]encaixe de mão e luva”): prevêem-se, sem a ajuda de bolas de cristal, que o número de professores a reformar-se continue a superar o de novos candidatos. E este dado é conhecido, sem recurso a oráculos, há muito, o senhor Ministro conhece-o há muito, e nada fez (seria um Édipo que sabia ter morto o pai e ficasse caladinho). Veremos como os deuses superiores da República Portuguesa (votantes) reagem, é que o senhor Ministro precisa de uma hemorragia narcísica (aproximando-se aqui de Édipo).